O primeiro dia do resto da nossa vida

o-primeiro-dia-do-resto-da-nossa-vida-kate-eberlen

Tess e Angus têm dezoito anos e se esbarram na Itália durante uma viagem de férias. Isso parece o começo de uma história de amor, não é? Não é o que a autora Kate Eberlen acha. Tess e Angus apenas topam um com o outro e continuam com suas vidas. Esse é o grande suspense de O primeiro dia do resto da nossa vida. Se você já leu Simplesmente acontece, de Cecelia Ahern, vai entender melhor a ideia desse mistério: acompanhamos dois personagens que têm tudo para formar um casal mas que, por conta do destino, não conseguem se encontrar.

A história começa em 1998 e termina em 2013. São quinze anos com muitos altos e baixos. Tess volta da viagem da Itália pronta para começar sua vida acadêmica, mas sua mãe está muito doente. Como se não bastasse isso, os planos para a universidade são deixados de lado quando ela percebe que é a única pessoa que poderá cuidar da irmãzinha de quatro anos.

Angus também está ansioso pela vida acadêmica, mas por motivos bem diferentes. Recentemente ele perdeu o irmão mais velho, o irmão que era o orgulho da família e que rivalizava com ele em todas as situações. Uma dinâmica meio irmão perfeito contra irmão que só decepciona. Por isso o relacionamento de Angus com os pais não é dos melhores, e tudo o que ele mais precisa é ficar longe das duas pessoas que se sentem tão desapontadas com ele.

Os anos vão passando, e Tess e Angus vão levando uma vida triste e difícil. O sentimento que fica por boa parte da leitura é de tristeza. Mais do que uma história de amor, o livro fala do amor próprio, de conseguir andar com as próprias pernas e superar aqueles momentos em que nada parece dar certo. Tess vê seus planos afundarem quando precisa lidar com problemas que não eram dela, e se vê sozinha. Angus toma decisões erradas porque não consegue lidar com suas próprias questões.

Sabe quando você lê uma história de amor, os protagonistas até se encontram mas eles precisam resolver suas pendências para que possam ficar juntos, e todo um passado mal resolvido é um empecilho que eles precisam (e geralmente conseguem) resolver logo? O primeiro dia do resto da nossa vida é a história desse passado mal resolvido e não do casal já estabelecido. Se você é desses leitores ansiosos por aproveitar os momentos bonitos de um relacionamento, você também vai se angustiar. Tess e Angus vivem histórias distintas, longe um do outro, e ao longo do livro eu cheguei a me perguntar se eles chegariam a se encontrar novamente.

Por isso, acho que eu não torci muito para eles ficarem juntos, o que eu desejei mais do que tudo foi que eles resolvessem seus muitos problemas. Ambos tinham que lidar com um pessoal bem complicado. Os personagens que os rodeiam só me fizeram gostar mais do casal principal. Eram figuras mesquinhas e egoístas, na maior parte do tempo. Se eu torci um pouco por Angus e Tess foi porque os dois eram os únicos que mereciam um final feliz.

E o final feliz é o mistério do livro. Eles ficam juntos ou nunca se encontram? Em vários momentos da história eles quase se esbarram: no casamento da irmã da namorada do Angus, Tess está acompanhando o namorado, que é o DJ da festa; numa fila de compra de natal Angus vê Tess sem saber quem ela é. O que fica claro logo que a leitura começa é que o encontro dos dois só pode acontecer em um momento: no final. O que mais me instigou foi tanto saber se isso vai acontecer, quanto imaginar e elaborar, ao longo da leitura, maneiras de realizar esse encontro.

Se você busca um livro triste, mas que não vai te fazer chorar, acho que O primeiro dia do resto da nossa vida é a escolha perfeita. Emoção na medida certa, com várias pequenas sacadas que impedem que a leitura seja mais do mesmo.

8 filmes de amor para chorar

Quando eu fiz a primeira lista de filmes para chorar aqui pro blog, comecei a lembrar de vários que não serviriam exatamente para aquela lista, mas que renderiam uma outra mais… melosa. Na primeira vez eu priorizei os filmes mais melancólicos com a vida, daqueles para a gente sentir que o mundo é horrível, e agora então eu volto com os  longas românticos chorosos, aqueles que nos fazem chorar dentro de uma espécie de zona de conforto, porque o mundo pode não ser bom mas o amor é possível.

Era para ser uma lista com apenas cinco filmes, mas como é de costume para uma pessoa indecisa eu tive que esticar para oito. Talvez você já tenha visto pelo menos um desses filmes na sessão da tarde, tenha chorado assim como eu e depois tenha descoberto que o filme nem é tão bom, mas que mesmo assim você vai chorar se assistir àquele final novamente. Talvez você tenha visto todos e não tenha chorado em nenhum – nesse caso você tem um kiwi azedo no lugar do coração.

Agora, ninguém disse que essa lista contém filmes bons: esse não é o critério usado aqui. Eu gosto de todos que escolhi (por que eu indicaria se não gostasse, hein?), mas admito que eles não são os mais queridinhos da crítica, cultuados por gerações, motivos de homenagens em cinematecas. Você entendeu. E, se você é como eu e um dos seus maiores prazeres é engatar num drama romântico de qualquer qualidade, vai gostar das minhas escolhas.

Tenho que dizer ainda, que, como os filmes são famosos e um pouco antigos, eu decidi pisar no acelerador dos spoilers. Se você continuar lendo mesmo sem ter assistido aos filmes e ainda assim quiser vê-los, você está por sua conta e risco.

Ah, e sabe qual é a principal relação entre esses filmes? A morte. Só um da lista termina sem que uma das partes do casal morra. Bora? Eu digo bora.

Love Story: uma história de amor

love-story

Acho que esse filme pode ser nomeado o pai dos filmes em que alguém do casal morre e a gente se vê obrigada a chorar. Love Story é de 1970, e conta a história de dois jovens – um rapaz e uma moça – que se conhecem na universidade e logo se apaixonam. Vindos de classes sociais diferentes eles precisam enfrentar os dissabores de uma família rica preconceituosa, a dele. E como problema chama problema eles descobrem que um deles está muito doente. O amor dos dois é lindo, a trilha do filme é linda e o sofrimento no fim do filme é lindo. O que não é lindo é chorar até passar mal. A gente acha que está linda e charmosa chorando discretamente, e quando se olha no espelho vê que parece um cachorro em quem colocaram um termômetro pela bunda.

O amor pode dar certo

griffin-and-phoenix-o-amor-pode-dar-certo

Amanda Peet (que eu amo desde Jack e Jill) e Dermot Mulroney estrelam este filme com muitos clichês, mas que mesmo assim me fez chorar. O amor pode dar certo é de 2006. Eles se conhecem em uma aula na universidade (de novo!), e logo não se desgrudam mais. Um deles está doente, e eles decidem viver os dias como se uma doença não fosse obstáculo para o amor. O filme é fofo e a tristeza do fim não chega a ser tão grande. O choro aqui não foi tão copioso, e olha que teve uma surpresinha lá pelo final, uma reviravolta interessante.

Tudo por Amor

MSDDYYO EC001

Esse filme de 1991 passou algumas boas vezes na Sessão da Tarde. Acho que aqui não faz mal soltar spoiler. Quem nunca escutou aquele saxofone do cara ruivo e lembrou da Julia Roberts cuidando do cara doente? O meu marido não conhecia o filme direito, e uma vez conversando ele me disse: Ah, esse é aquele do cara doente que bate na Julia Roberts. Hã? É que ele embolou Dormindo com o inimigo, em que a Julia Roberts é vítima de violência doméstica, com Tudo por amor, em que a Julia Roberts cuida de um doente terminal. Pelo jeito ele não era fã da Sessão da Tarde. Mas o filme é sobre um homem com uma doença terminal que precisa de uma enfermeira/acompanhante (lembrou de Como eu era antes de você?). Eles se apaixonam e vivem um felizes para sempre com data de validade. Eu era novinha quando vi pela primeira vez e chorei como se não houvesse amanhã – spoiler: às vezes não há.

Outono em Nova York

Autumn In New York Year: 2000 Director: Joan Chen Richard Gere Winona Ryder

Um filme com melodrama na medida certa. Um dos meus favoritos, de longe, por conta do casal: Winona Ryder e Richard Gere. Eu era louca pelo Richard Gere, mas agora ele foi de coroa a velhinho fofinho, e assim fica difícil manter a quedinha. Mas em Outono em Nova York ele é o Richard Gere playboy que não quer se ver em um relacionamento sério. Pelo menos até conhecer a Winona Ryder. De repente eles estão apaixonados e ele decide que quer sim viver um grande amor com ela. Infelizmente para todos nós, ela está morrendo. Pois é. Admito que chorei e solucei. Queria os dois juntinhos (parece um casal improvável, né?) para sempre.

Noites de Tormenta

noites-de-tormenta

Falando em Richard Gere, aqui ele está mais velho (ainda não era caquético, porém) e o seu par é outra atriz de quem gosto muito, a Diane Lane. O filme é baseado em um livro do Nicholas Sparks. Quando eu assisti ao filme no cinema confesso que nem sabia quem era Nicholas Sparks, e admito que hoje em dia o nome dele nos créditos teria me impedido de comprar o ingresso. Mas ainda bem que eu fui. Chorei na sala, escorregando no banco para ninguém notar (todo mundo na sessão estava fazendo o mesmo). Diane Lane vai se refugiar na pousada de uma amiga para escapar de problemas familiares. Lá ela conhece Richard Gere, eles encaixam perfeitamente e vivem uma super paixão. Como eu disse, eu não conhecia Nicholas Sparks e não sabia que nas suas histórias alguém sempre tem que morrer. Nessa, pelo menos ninguém fica doente.

O despertar de uma paixão

o-despertar-de-uma-paixao

A primeira frase só pode ser: esse filme é lindo. Esqueça que alguém morre. O desenvolvimento todo da trama é o que importa. Diferente dos citados até agora, esse aqui conta a história de um amor mais maduro, com progresso lento. A década é 1920 (eu odeio esta década, mas reconsiderei nesse caso), Edward Norton e Naomi Watts se casam e vão viver em Xangai. Eles ainda não se amam, e muita coisa vai acontecer até eles perceberem que devem ficar juntos. Mas não se esqueça: a lista é pra chorar. Eu chorei. Watts e Norton fazem um casal tão lindo! Que filme!

Blue Valentine

blue-valentine-namorados-para-sempre

Me recuso a chamar esse filme pelo título nacional. Se você ficou curioso, então toma: Namorados para sempre. É que eles são tudo menos namorados para sempre. O único filme da lista em que ninguém morre, se não me falha a memória, mas não se iluda: é tão fácil chorar nesse daqui como em qualquer outro desses em que alguém está com uma doença terminal das mais perturbadoras. Ryan Gosling e Michelle Williams são casados e estão terminando o relacionamento. O filme conta a história deles no presente, com brigas e desentendimentos, e no passado quando ainda eram apaixonados. É triste. É de partir o coração ver o que eles tinham e no que tudo se transformou. Impossível não chorar.

Minha vida sem mim

minha-vida-sem-mim

Talvez eu não devesse colocar esse aqui na lista. Sarah Polley vive a protagonista que está morrendo, mas diferente dos outros filmes ela não está vivendo um grande amor. Ela é casada com um crush meu, o Scott Speedman, e eles moram em um trailer levando uma vida difícil. Quando ela descobre a doença, decide fazer uma lista de todas as coisas que gostaria de fazer. Parece um super clichê, mas o filme surpreende pelo jeito de abordá-lo. É uma história de amor, mas de amor próprio. Triste e lindo. O fim é a melhor parte… para chorar.

Bônus: Diário de uma paixão

diario-de-uma-paixao

Esse filme não entrou oficialmente na lista porque todo mundo o conhece. Talvez você não tenha visto porque odeia filme meloso ( e nesse caso o que você está fazendo aqui? quem é você? o que te faz chorar? você teve carinho na infância?) mas mesmo assim deve ter visto ele numa lista dessas por aí. É covardia um filme com velhinhos morrendo, mas covardia é a marca registrada dele mesmo, Nicholas Sparks. Eu chorei na primeira vez, na segunda e na terceira. Ryan Gosling e Rachel McAdams estão mais do que shippáveis, tanto que depois do filme eles namoraram por um tempo – dizem que na época das gravações eles meio que se odiavam. Na vida real cada um seguiu um rumo depois do breve relacionamento, mas em Diário de uma paixão eles se amam até a morte. Acho que só isso já basta para ver o filme, não? Tem a Gena Rowlands, o filho dela é quem dirige. Que mais? Ah, é a melhor adaptação já feita de alguma coisa do Nicholas Sparks.

O primeiro marido

IMG_20151107_133102

Chick-lit é um dos meus gêneros preferidos para ler num dia bem preguiçoso. Funciona mais ou menos como a novela brasileira para muita gente. Meio que aquilo que falam de quando você está muito cansado e quer algo bobinho para desestressar. A trama nunca é muito complicada, o plot twist (se tiver) nunca te surpreende realmente, e no fim todo mundo fica feliz. E também são livros ideais para ler rápido. Em uma tarde dá pra “matar” tranquilamente a maioria dos chick-lits.

Annie é uma mulher na casa dos trinta anos, que vive há cinco com o namorado. Um dia, ele resolve terminar o relacionamento, e Annie se vê sozinha. Então ela conhece um chef de cozinha, que está prestes a viajar de volta para casa, que fica do outro lado do país. Rapidamente os dois se apaixonam, casam e se mudam de Los Angeles para “o fim do mundo”. O grande problema de Annie vai ser a adaptação nesta nova cidade – onde as pessoas saem das ruas a partir das cinco por causa do frio, e todos se conhecem -, e, claro, a volta do ex-namorado arrependido. 

O primeiro marido, lançado pela Bertrand Brasil, é um chick-lit discreto. Dá pra notar pela capa, que é sóbria, ao contrário da maioria dos livros do gênero. Faz muito sentido, porque diferente da Sophie Kinsella ou da Jane Costello, por exemplo, este livro não é cheio de cenas engraçadas, onde a protagonista passa por todo tipo de constrangimentos. Dá até pra dizer que O primeiro marido é um livro mais “sério”.

Parece que vai rolar um triângulo amoroso com Annie decidindo entre o marido e o ex. Mas o livro diz mais respeito à personagem conseguir se conhecer realmente. O amadurecimento interno é o principal na história toda. Nesse sentido, o livro acaba abordando os temas comuns ao gênero de uma maneira ligeiramente diferente. É sempre bom quando uma autora tenta deixar entrar um bocado de ar fresco numa categoria bem estabelecida. Não foi um dos melhores chick-lits que eu li, mas continua sendo uma boa opção para um dia preguiçoso.