3 anos de blog e um filme mais ou menos

Setembro é o mês de aniversário do blog. Já são três anos. Nas duas outras vezes eu comemorei assistindo a Dirty Dancing, mas por esses dias eu acabei fazendo uma celebração, meio sem querer, quando vi Madeo, do diretor Bong Joon-Ho.

É que O Hospedeiro e Snowpiercer, também dele, foram dois dos primeiros textos que eu escrevi aqui. O Hospedeiro ainda faz views de vez em quando. Esse filme foi uma descoberta. É engraçado, inteligente e bizarro em medidas iguais. Tem a estrutura de um blockbuster, mas é cheio de esquisitices. Não foi por acaso que o diretor foi parar no cinema americano. Ele tem a oferecer recursos que são um pouco escassos. No fim de 2015, bem quando o blog começou, eu quis ver tudo que ele tinha feito. No dia dois de outubro (data de criação da pasta no Windows) eu baixei esse Madeo. Em vez de botar para rodar imediatamente, eu o deixei criando poeira. Pretendia ver outras coisas pendentes e encontrá-lo num dia perfeito. Resultado: não existe dia perfeito e ele ficou mofando até agora, 2018.

Finalmente vê-lo foi uma espécie de volta às origens. Só que, em comparação com os outros, esse aqui é meio devagar. A personalidade do diretor está lá, mas os elementos não se encaixaram direito. Madeo conta a história de uma mãe que começa a investigar um crime de que estão acusando seu filho. O filho não é muito bom da cabeça, não tem um excelente caráter nem muitas qualidades, mas, claro, para ela é a coisa mais maravilhosa do mundo.

madeo

No fim, a ideia é que a verdade é inescrutável, assim como a cabeça dos outros. A alegria é uma coisa rara. O problema é que faltou graça. Nesses três anos, toda vez que eu abria a minha pastinha de filmes Madeo me paquerava. Eu acabava titubeando e escolhia alguma coisa menos emocionalmente desgastante. Achava que seria um filme de chorar pelas desgraças da vida. É, talvez a expectativa tenha me atrapalhado, mas o filme me pareceu desequilibrado, num tom um pouco indeciso. Tudo o que dá certo em O Hospedeiro fica um pouco deslocado aqui.

A parte boa é que ver um filme é sempre visitar um lugar. Eu nem percebi que, nesses três anos, fiquei com saudade dessa Coreia do Sul. As vilas parecem resistir à vida moderna, com gente obrigada a circular entre escombros e cacarecos. Tem-se a impressão de que o mundo já acabou e a gente só vive por teimosia. Esse cenário ajudou a relembrar o meu entusiasmo inicial pelo blog. No começo, a minha ideia era ficar um tempinho a mais dentro dos filmes, livros e séries. Eu ficava chateada de encontrar, às vezes, coisas tão legais, empolgantes, e passar tão pouco tempo com elas. Nesses três anos foram incontáveis as vezes que eu rodei os arquivos do blog e reli textos que me deram saudade. Nunca tive muito ânimo para divulgar loucamente este espaço. Ele não tem Facebook, Instagram ou Twitter. Não faço a menor ideia de quem seja o público-alvo e sempre presumo que estou falando sozinha.

Nem sempre a gente tem o que falar sobre uma obra. A vantagem de ser blogueira, em vez de crítico, é poder admitir isso. O filme não era lá essas coisas, mas passar esses anos entre vários deles, e com a vantagem de ter esse espaço aqui (que é uma espécie de puxadinho dos meus hábitos), tem sido muito legal, apesar do 2018 um pouco devagar. Então, tim-tim.

2 comentários sobre “3 anos de blog e um filme mais ou menos

  1. Vanessa disse:

    Parabéns pelo blog! Não lembro como encontrei teu blog, mas venho acompanhando ele desde então (só não comentava muito) ;D Não conhecia esses filmes nem esse diretor, não sei se o estilo dele é muito o meu.

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    • talitatl disse:

      Ah, que legal! Que bom que você deu um alô, então. Eu também rodo a internet bem quietinha, sem comentar hahaha. Quanto ao diretor, acho que tudo o que ele fez é bem gostoso de ver, nada muito cabeçudo também, mas depende do gosto…

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