Jessica Jones: tem Marvel para todos os gostos?

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Como quase toda a internet, estou engatada em Jessica Jones nesse fim de semana. Hehe, sem trocadilho. A série é boa. Jessica e Luke são muito shipáveis, eu estou gostando do clima, do tom, e estou envolvida com o mistério e o vilão. Escrevo depois de ter visto o terceiro episódio. Estou assustada com a quantidade de gente dizendo que já terminou a série completa. São 13 partes de 50 e poucos minutos. Não que a minha vida social seja grande coisa, mas, gente, vocês estão exagerando.

Gosto especialmente de duas coisas, e resolvi vir aqui contar porque pode ser do interesse de alguém. Primeiro: JJ tem um fundinho noir que é muito charmoso. Jessica é uma investigadora particular, com uma quedinha por uísque e autodestruição. Luke é dono de um bar, um bar desses que abrem durante o dia mas continuam tendo aquele climinha da noite. É um bar para bebuns deprimidos. A luz, os cenários, tudo evoca a mesma Nova Iorque avacalhadinha que aparecia em Demolidor. Segundo: pelo menos até aqui, a série tem se concentrado mais no desenvolvimento da trama do que em exibicionismo de super poderes ou cenas de ação que acabam sendo um fim nelas mesmas, o que é um aspecto muito positivo e quer dizer que a equipe responsável por Jessica Jones acredita mesmo que tem uma história para contar. Isso é bom.

Apesar de eu não ter gostado tanto assim de Demolidor, fiquei empolgada com a interação entre essas duas histórias num mesmo universo, tudo parte de um grande plano para integrar esses seriados da Marvel na Netflix à linha do tempo dos filmes grandes de super heróis, com Os Vingadores como carro-chefe. Acho esse um esforço coletivo bacana. Mesmo que você não goste de um ou outro pedaço do mundo da Marvel, pode acabar se interessando por uma parte do todo. Confesso que Jessica Jones me agrada muito mais do que Thor, por exemplo. Pelo que entendi vão ser quatro séries, todas com essa cara mais pé no chão e urbana, já que a vigilância do universo e a proteção da Terra estão nas mãos dos heróis mais poderosos – e dos atores que ganham rios de dinheiro, como o Robert Downey Jr.

Falando em atores, eu gosto muito da Krysten Ritter. Fiquei muito feliz por ela ser a atriz principal em um projeto tão grande. Eu a acompanho há muito tempo. Ela fez uma participação não tão grande em Gilmore Girls – eu vi Gilmore Girls obsessivamente, ainda vou falar sobre isso aqui no blog -, também fez papéis pequenos em filmes não tão legais, foi o interesse amoroso mais importante do Jessie Pinkman em Breaking Badtentou a sorte em Apartamento 23, ao lado do James Van Der Beek, de Dawson’s Creek. Ou seja: ela está por ali, tentando estourar, e eu gosto muito de acompanhar alguém mais ou menos desconhecido desde o começo até o estrelato. Lembro que foi assim com a Scarlet Johansson, mas não pensem que eu sou velha: é que ela começou muito cedo.

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Falando nela, eu gostaria muito de ver um filme solo da Viúva Negra. Por mais que eu às vezes duvide das boas intenções desses grandes estúdios, e por mais que a participação da Viúva Negra nos Vingadores seja quase que completamente a de um objeto de fetiche coletivo, acredito que um filme solo dela, hoje em dia, não teria como fugir do mesmo direcionamento que me faz apreciar Jessica Jones. Jessica é uma mulher fodona, numa história em que mulheres são importantes e querem resolver as  coisas por elas mesmas.

Estamos vivendo um momento em que cada vez mais se reconhece que isso é importante. Isso é bom e já faria com que Jessica Jones valesse a pena. Mas a série também entrega aquela diversão clássica, aquela que faz com as pessoas queiram maratonar e passar o fim de semana na frente da TV ou do computador. Só que 13 capítulos em 24 horas também não vale, né? Vamos sair, tomar um suquinho.

Homem-Formiga

Gosto muito do Paul Rudd. Acho que já vi tudo o que tem a cara dele. Não sou dessas que acompanham as franquias da Marvel com entusiasmo, mas acabo sempre vendo o filme da vez. Homem Formiga, o filme da Marvel em que Paul Rudd aparece com tanquinho, é bem ruim mas também é muito simpático. Vai entender.

Acho que é desnecessário dar a sinopse desses filmes grandes, então eu só vou falar do que é importante pra entender o esquema das coisas. Paul Rudd é um zero à esquerda que é recrutado para ser o Homem Formiga. Quem faz o recrutamento é o Michael Douglas, inventor podre de rico; a mocinha é a Evageline Lilly – a Kate de Lost.

O Homem Formiga é ruim pois às vezes parece uma colagem de cenas genéricas de filmes de ação. Os diálogos, as dinâmicas, o arco do protagonista: tudo é muito descartável e esquecível. Tenho a impressão de que ele vai se misturar com um monte de outras coisas na minha cabeça e, num futuro próximo, eu não vou saber reconhecer qualquer cena de Homem Formiga em que o traje de super herói não apareça. Este herói, que eu não conhecia, ganhou umas características bacanas e diferentes. Por causa delas, as cenas de ação puderam ser criativas e até fofinhas. Apesar disso, são sempre engraçadinhas no mal sentido, de um jeito que você chega a não se importar com o  que está acontecendo.

Falando assim fica até parecendo que eu não me diverti enquanto assistia. Não é verdade. Paul Rudd, com aquela cara de gaiato e de menino que não cresceu, é a fonte de, sei lá, 90% da simpatia que o filme transmite. Ele segura a graça das piadas muito mais na cara de bobo alegre do que no próprio texto. Michael Douglas está em Homem Formiga para ser uma espécie de farol na escuridão. Ele aparece muito e, quase sempre, como o único bom ator em cena. Evangeline Lilly é um constrangimento só, dessa vez de novo como a smurfette – a única menina entre os rapazes todos. O vilão, vivido por Corey Stoll, é um dos outros alentos do filme. Não é por nada de especial ou diferente. Ele é o típico vilão que enlouqueceu e agora é capaz até de machucar criancinhas, mas o ator é tão bom que a gente chega a ficar feliz.

Não é nenhuma surpresa que um filme da Marvel seja capaz de ser ruim e de divertir ao mesmo tempo. Homem Formiga tem um esboço de trama de espionagem, muito recortada, infelizmente, pelas concessões que um filme desse tamanho faz porque acha que tem que fazer – pois acha que é isso que o público quer. Dessa forma tudo fica muito bagunçado. Uma pena.