Para quem vai passar o feriado na Netflix

Serão três feriados em um intervalo bem curto. Não é uma maravilha? Para mim, feriado no outono e no inverno é sinônimo de filme, série e uma mantinha no sofá. Quando faz calor eu só dispenso a mantinha, mas tudo bem. Empolgada para os próximos dias, resolvi fazer uma lista de coisas para assistir na Netflix porque a Netflix é um recanto muito confortável da internet. É para quem tem preguiça de baixar torrent e para quem nem lembra se ainda existe uma locadora aberta na cidade inteira. Então aqui vão as minhas dicas: Stranger Things, Os 13 porquês e as séries da Marvel. Que tal? Aposto que você nunca havia ouvido falar de nada disso. Boa diversão e depois venha me agradecer. MENTIRA: para fugir das coisas que geram mais burburinho, o que eu fiz foi tentar organizar uma lista (bem pequenininha) para ajudar alguém (alguém hipotético e com interesse em trocar figurinhas) a se organizar dentro da Netflix.

Filmes que você pode ter deixado passar

frank

Frank

Aqueles que são meio largadinhos, mas muito bons. Às vezes a gente os deixa passar porque perde o período no cinema (acontece também de um filme jamais estrear perto de casa). É difícil acompanhar tudo que sai, daí um dia, quando a gente já até esqueceu e tá rodando a Netflix para ver o que é que tem, BUM!, lá está o filme. Um assim é Frank, de 2014, com o Michael Fassbender e Maggie Gyllenhaal. A história é sobre um cara (Domhnall Gleeson, de Questão de tempo) que entra numa banda indie, a The Soronprfbs, pensando que aquela é a oportunidade de sua vida. O vocalista é Frank (Michael Fassbender), que usa uma máscara o tempo todo. Ele canta, come, toma banho e dorme com a máscara. Não é pose, é doença: ninguém nunca viu o rosto dele. Frank é quieto e estranho, e me fez pensar no cantor e compositor Daniel Johnston, um artista especial mas de difícil enquadramento. Por causa da excentricidade de Frank a banda faz certo sucesso, mas depois de um tempo tudo começa a degringolar. O fim é delicado de um jeito bizarro e, diferentemente de muitos outros filmes indies, não acontece de o mundo todo se entortar para se enquadrar à visão de mundo do protagonista. É uma boa lição. Também na Netflix está Amantes Eternos, ou Only Lovers Left Alive. Tom Hiddleston e Tilda Swinton formam um casal de vampiros bem dark. A prioridade que eles dão à autenticidade, o espaço que a arte ocupa na vida dos dois, e a maneira como eles vivem apaixonadamente fazem deste um filme meio que tematicamente ligado a Frank. Num caso há um artista indie atormentado e no outro dois vampiros românticos, os únicos amantes que restaram.

Especiais de stand-up cínicos e autodepreciativos

louis ck

Louis C. K.

Eu sei, eu sei, eu sei: o Brasil pegou trauma de comédia stand-up desde o auge do finado CQC. Teve gente reclamando de cerceamento à liberdade de expressão, quando tudo o que rolou foi um pessoal reclamando que a piada não tinha graça e que o comediante era burro. Mas o stand-up foi um produto importado à força por aqui. Nos Estados Unidos a tradição é longa e os melhores comediantes são os que não se agarram àquilo que é consenso. Para a nossa alegria, há alguns deles na Netflix. Louis C. K. é o primeiro nome que me vem à cabeça. Adoro assisti-lo e pensar “é, isso aí mesmo” ou “putz, é verdade, putz, eu também” ou “caramba, cara, você é maluco” enquanto rio sem parar. Ele sempre começa a falar de algum assunto delicado como se ele fosse a pessoa mais rude e desrespeitosa que existe, então de repente ele dá uma volta e você entende que o assunto é só o pano de fundo para ele criticar pessoas mesquinhas, detestáveis e por aí vai. Eu sempre rio. Acho que o catálogo da Netflix tem três ou quatro especiais dele, incluindo um que saiu em 2017. Bill Burr também tem um humor parecido com o de Louis C. K., mas acho que ele consegue ser mais radical e ter mais cara de maluco. A Netflix tem dois dos dele. Por último, gostei muito do show da Chelsea Peretti, que eu só descobri na Netflix recentemente. Ri muito em um dia que eu estava bem gripada e sem forças para fazer o que fosse. Além da cara de maluca e da voz esganiçada, ela tem uma visão particular sobre relacionamentos e tem um jeito neurótico de ver as regrinhas de educação e convivência.

Comédias bizarras para quem quer maratonar

chewing gum

Chewing Gum

Ainda pensando em comédia, mas com um humor mais leve: duas séries curtinhas perfeitas para o feriado. Chewing Gum é uma série inglesa escrita e protagonizada por Michaela Coel. São duas temporadas com seis episódios cada e duração de uns 20 minutos. Eu pretendia assistir a um episódio, mas tudo era tão bizarro que quando notei já tinha acabado com a série. Tracey é a protagonista. Ela vive com a mãe e a irmã, duas fanáticas religiosas. Tracey é virgem e decidiu que já passou da hora de isso mudar. As situações são hilárias e todo o elenco é carismático, não tem como não rir. Uma outra série com uma protagonista descarada é Haters Back Off. Protagonizada e escrita por Colleen Ballinger, a série bebe na fonte de Napoleon Dynamite: gente louca e sem  noção do ridículo, situações embaraçosas, essas coisas que a gente adora. Miranda Sings acha que é a pessoa mais perfeita que já existiu no mundo. Sua aparência, sua voz, sua família, tudo está ali para mostrar que ela é o oposto do que pensa ser. Quanto mais ela pensava que estava sendo plena, mais era desprezível. Tudo é muito absurdo, o elenco todo é excelente.

Séries fofas sem compromisso com a realidade

dramaworld

Dramaworld

Se você não gosta de comédias escrachadas, também há duas séries muito fofas e com um pé (ou os dois) no surreal. Dramaworld é uma minissérie norte-americana e sul-coreana. A protagonista vive em Los Angeles e é obcecada por novelas coreanas. Um dia ela entra no mundo da sua novela preferida e aí está a história: ela vai viver todas as aventuras junto com os protagonistas coreanos. Achei bem fofinha e é legal para quem quer entrar no mundo do K-drama. Ainda pensando em novela: Jane the virgin. Se você gosta de muito drama e cenas incoerentes (e já viu Rubi, Maria do Bairro, Marimar) vai amar Jane the Virgin. Eu falei da primeira temporada bem no início do blog, e posso dizer que a série da CW já está na terceira temporada e continua firme e divertida.

Clássicos para quem não pretende cochilar

o rei da comédia

O rei da comédia

É considerado ofensivo cochilar durante um clássico? Não, né? A Netflix é um convite ao soninho, mas a autoestima dá uma travada se a gente se dispõe a ver um filme que todo mundo considera obrigatório e dorme. Por isso, se você não quer ver nada muito leve e tem dormido oito horas por dia, eu posso te indicar dois filmes que são clássicos do cinema, mas que andam meio esquecidinhos, sem conquistar novos corações. Amadeus, que foi um dos melhores filmes que eu vi em 2016, é longo, lento e primoroso. Fiquei feliz de encontrá-lo no catálogo da Netflix. O outro é o meu preferido do Martin Scorsese: O rei da comédia. Estrelado por Robert De Niro, o filme é divertido e angustiante, com passo de thriller. Quer dizer: se você dormir, vai ficar chato. Robert De Niro é um fã louco de um grande comediante interpretado por Jerry Lewis, e será capaz de tudo para se aproximar de seu ídolo. Eu tenho a impressão de que O rei da comédia não é tão badalado quanto outros sucessos da dupla Scorsese e De Niro, o que me deixa um pouco indignada e confusa.

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