Quatro livros de Alessandra Torre

livrosDepois de terminar uma leitura longa, de um romance um pouco complicado, eu gosto de me dedicar a livros que parecem novelas de televisão. Pode parecer estranho terminar O Vermelho e o Negro e já pegar um livro em que não acontece nada, um desses para os quais as pessoas fazem careta, mas foi assim que eu peguei gosto pela leitura: misturando todo tipo de coisa. Eu nunca conseguiria ler apenas clássicos, porque me faltaria aquela sensação de prazer que só um sentimento banal mas genuíno pode nos dar. Ao mesmo tempo, também nunca conseguiria ler apenas romances levíssimos, pois aí o vazio tomaria conta de mim. Foi assim que, depois de terminar O Vermelho e o Negro, eu engatei em um livro atrás do outro de Alessandra Torre. Eu não a conhecia e o o nome me levou a pensar que se tratava de uma brasileira, mas não: ela não só é gringa como também nenhuma editora brasileira se interessou em publicá-la, o que é uma pena porque a popularidade de Torre entre brasileiras só aumenta.

love chloe

Rodando pela internet eu encontrei Love, Chloe e adorei tanto a capa quanto o  título. Decidi tentar a sorte. O livro é legalzinho, mas não empolga. Chloe é uma garota rica e mimada que nunca precisou trabalhar na vida. As coisas mudam quando seus pais perdem todo o dinheiro, mas ela acaba mostrando que consegue se virar muito bem. Tem um triângulo amoroso entre ela, o ex-namorado e um cara que ela acabou de conhecer. O livro parece querer ser um chick lit. A protagonista é meio desmiolada, mas não de um jeito muito legal. Talvez por querer dar um ar leve para tudo, a autora erra a mão e todos os personagens parecem destituídos de vida. Mas isso não foi o suficiente para me fazer desistir de Alessandra Torre. No Skoob e no Goodreads eu li opiniões tão positivas sobre seus outros romances que resolvi continuar.

O segundo livro lido foi Tight. Fiquei espantada que a mesma autora tenha escrito Love, Chloe e Tight. Para quem gosta do gênero dark, que aliás eu nem me arrisco a definir, aqui está uma ótima escolha. O que eu mais gosto nesses livros é o tamanho da loucura das autoras: cada história é o roteiro de uma novela mexicana acrescido de pirações pelos submundos do sexo e da psicopatia. Para explicar melhor do que trata Tight, não vou conter os spoilers, então se você se interessou a ponto de querer lê-lo, o texto acaba aqui. Brett é um homem apaixonado que perdeu seu grande amor para o tráfico de mulheres. Como ele é um cara muito rico (isso é pré-requisito para todo mocinho) ele decide dedicar sua vida a resgatar meninas raptadas e vendidas para homens que querem apenas abusá-las de todas as formas imagináveis. Riley é a mocinha que aparece na vida dele. Ela não tem a menor ideia de toda essa história de tráfico de mulheres e não sabe o que acontece na vida de Brett. Um dia os dois se esbarram e se apaixonam. O livro é isso, mas os capítulos são intercalados por Riley e Brett se apaixonando e pela narrativa de uma garota que vive em cativeiro, esperando que um dia Brett a salve.

tight alessandra torre

Acho que, como todo mundo que leu Tight, eu passei o livro inteiro tendo certeza de que a garota que aparece nos capítulos contando seus dias no cativeiro era o grande amor da vida de Brett, aquela que ele amava antes de conhecer Riley e que sumira para sempre. Como em qualquer outro livro do gênero eu sabia que uma grande reviravolta aconteceria, mas não imaginava sua magnitude. Se você ainda está lendo, vou avisar novamente: vou dar o spoiler que vai destruir Tight para quem ainda pretende começar. Riley parece desconfiar que Brett está envolvido em negócios ilegais e resolve segui-lo. O negócio ilegal é a compra de meninas raptadas, mas ela não sabe que ele é bonzinho e que as compra para libertá-las. Acontece que Riley é raptada, afinal, ela o seguiu de forma imprudente, alguém a viu e a oportunidade falou mais alto. Então quem é a moça no cativeiro, que aparece em capítulos alternados? Ninguém menos que Riley, ela mesma, que ficou nove meses presa em um quartinho, vivendo com seu raptor, até ser finalmente vendida, é claro, para o grande amor de sua vida, aquele que compra escravas para ser humanitário. Mas e o grande amor do passado? O grande amor que Brett perdeu no tráfico de mulheres é sua irmã que foi morta pouco tempo depois de ser sequestrada. Super reviravolta em um livro bem louco.

Empolgada com os delírios de Alessandra Torre, parti para o próximo. Black Lies prometia uma super reviravolta no fim, mas eu entendi o grande mistério da história bem no começo da leitura e isso arruinou tudo. Nessa hora tive certeza de que, sem o mistério da reviravolta, esses livros perdem a razão de ser. Por isso me senti uma guerreira por terminar a leitura. A sinopse conta que há um triângulo amoroso: a protagonista + um cara rico mauricinho + um jardineiro rude. Agora aqui vai o spoiler que destrói a leitura: não há dois caras, há apenas o mesmo maluco com transtorno dissociativo  de identidade. Ele é o cara rico e o jardineiro ao mesmo tempo. Por isso a protagonista, que parecia tão apaixonada por um, consegue se envolver rapidamente com o outro. Eu concordo que esse foi bem fraco, mas tinha potencial. Alguma vez, na vida real, alguém com o raríssimo transtorno de dupla personalidade causou tanto estrago quanto se causa na ficção? Totalmente novela mexicana.

hollywood dirt alessandra torre

Por último, resolvi tentar um sem reviravoltas malucas e, olha, foi uma boa ideia, porque encontrei o que talvez seja o melhor livro de Alessandra Torre. Hollywood Dirt é leve, fofo e bem romântico. Summer é uma garota do interior e Cole é um ator de Hollywood, super famoso e badalado. Ele acaba indo filmar na cidadezinha dela. Ela é teimosa e orgulhosa e ele logo se apaixona, mas não admite. Eles vão brigar, vão se estranhar e por fim vão se entregar ao amor. O clima de cidade pequena foi o que mais me empolgou, muito porque é covardia fazer essas coisas comigo já que a minha memória afetiva está ligada a lugares assim. Fui fisgada, adorei ver a autora em um universo ligeiramente menos bizarro, mas não sei: nada como aquela sensação de que a Maria do Bairro acabou indo parar num filme policial dos anos 1990 e agora precisa se livrar de um serial killer por quem vai acabar se apaixonando.

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